Quando castigamos alguém, estamos fazendo justiça? E quando perdoamos,
isso também é justo? Será que a justiça deve estar condicionada aos mecanismos
de controle social? Enquanto os intelectuais buscam refletir sobre o que tem
acontecido em nosso país, temos visto grupos de pessoas comuns com sentimento
de “fazer justiça” cometerem verdadeiras atrocidades. Não é incomum ver um
grupo de pessoas linchar estupradores, ladrões, etc. Isso aconteceu mais uma
vez esta semana com uma família no Guarujá (SP). Supostamente
acusada de sequestrar crianças para rituais de magia, Fabiana, mãe de dois
filhos, foi linchada até a morte o que tirou o direito dessa família de
comemorar o dia das mães. Sem entrar na demagogia midiática, gostaria de
considerar duas questões.
Em primeiro lugar, precisamos pensar: quem pode ser o agente da justiça?
A quem é dado esse poder/direito? No evangelho de João capítulo 8, lemos o
relado de uma mulher pega em adultério, onde a lei de Moisés ordenava que a
mesma fosse apedrejada. Dessa forma, toda comunidade, apoiada nessa
interpretação da lei, se investe da função de fazer justiça. Mas vejamos o que Jesus fez: Ele escreve algumas coisas no chão e diz :se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela." (João 8:7 NVI). Com apenas esse gesto e essa frase, podemos ver o mesmo questionamento que hoje devemos fazer: quem pode fazer justiça? Quando vemos alguém que não se enquadra na lei ou nos padrões estabelecidos socialmente, quem pode determinar o seu castigo? Socialmente, como forma de organização, nós atribuímos isso ao Estado, através de seu sistema de Justiça e policia. No entanto, vemos que nenhum daqueles homens teriam o poder/direito de fazer justiça, e ainda hoje, nenhum de nós tem.
Agora, será que a punição e o castigo são as únicas formas de fazer
justiça?. Para nós hoje, isso parece muito duro, matar uma mulher por traição,
mas era o que parecia justo para época. Jesus, nesse episódio, apresenta outra
lógica para a Justiça que poderíamos chamar de Justiça “perdoativa”. Veja, Ele
não diz que a mulher não errou, mas Ele apenas apresenta uma justificação
(tornar-se justo) a partir do perdão, dando a ela uma nova oportunidade de
seguir sua vida, agora sem o pecado e a culpa. Com certeza, essa lógica não se
aplica às estruturas de justiça que temos, pois a sua base não está na
repressão e sim na misericórdia. Sendo que, para aplicação dessa justiça é
necessário duas coisas fundamentais: o reconhecimento do erro e o
arrependimento genuíno por parte do réu. Isso é o espírito da Maravilhosa Graça
de Deus em Cristo Jesus, no qual quando reconhecemos quem somos, o que fazemos,
e o que é justo para nós (o castigo) percebermos que Ele nos perdoa e nos
purifica de toda iniquidade. Sendo assim, não temos o direito, nem o poder de
condenar ninguém a nada, pelo contrário somos chamadas buscar a justiça perdoativa de Deus e o seu
Reino, perdoando assim com fomos perdoados, amando como somos
amados.
PJ (11/05/14)
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