quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O PAI, O FILHO E O CAJADO



Certa vez um pastor de ovelhas resolveu levar seu filho, ainda menino, para lhe ensinar o seu trabalho. Chegando ao lugar onde as ovelhas pastavam, um campo bonito, com uma mina d’água que servia para matar a sede tanto dos animais como dos pastores. O pai começou a ensinar o que deveria e o que não deveria ser feito no trato com as ovelhas no campo. Mas uma coisa o velho pai quis chamar a atenção de seu menino, para que ele tomasse cuidado com o penhasco no fim do pasto, atrás de um belo arbusto cheio de flores. Diziam ser aquele lugar o mais bonito de toda a região, porém com certeza era o mais perigoso.

Depois de ter instruído bem o seu menino, o pai foi cuidar da fonte, para que represasse mais água. Enquanto isso o jovenzinho brincava de pastor pelo campo, correndo, pulando, fazendo molecagens de criança e descobrindo coisas fantásticas. Foi esta mesma curiosidade que fez o pequeno jovem esquecer do aviso de seu pai. Então lá foi ele até aquele lugar perigoso, onde poderia ter outras coisas a serem descobertas. Mas de repente, o curioso menino escorregou e despencou penhasco abaixo agarrando com todas as forças em uma raiz. Ali sem nenhuma alternativa, o menino venceu o medo e a vergonha de ter desobedecido seu velho pai e gritou com todas as forças:  “PAI!!PAI!!!PAIIIIII!!!!!! Me ajude estou caindo, ME SALVE!!!!”. Ouvindo a súplica de seu amado filho, o velho pastor largou o que estava fazendo e correu a procura de onde estaria vindo aquele grito de socorro.

Como correu aquele velho pastor a procura de seu amado filho. De repente ele descobre de onde estava vindo os gritos de socorro e, olhando para baixo percebe que seu filho estava muito longe para poder alcançá-lo. Então no meio daquela confusão toda, ele teve uma idéia. Pega o seu cajado, se pendura no barranco do penhasco se estica ao máximo e grita: “Filho teu pai está aqui, segure o cajado para eu te salvar”, mas o seu filho não podia vê-lo, mas o escutou e respondeu: “Estou aqui meu pai, eu não vou conseguir se eu soltar a raiz posso cair”. Então o jovem menino se enche de coragem e resolve soltar a raiz do penhasco para segurar o cajado de seu pai, mesmo sem saber se realmente seu pai iria salvá-lo, afinal ele já tinha uma certa idade. Mas para a alegria de pai e filho o velho pastor conseguiu tirá-lo daquele barranco com a ajuda de seu cajado. Assim o jovem rapaz nunca mais esqueceu da experiência que tivera.

Com o passar dos anos o velho pastor veio a falecer e, o menino para relembrar de seu pai guardou o cajado em um lugar muito especial e de honra em sua casa. O menino cresceu. Já com a família formada, o “menino, agora homem” desempenhava o mesmo trabalho de seu velho pai já falecido. Certo dia um de seus filhos é flagrado pelo agora pai menino, contemplando aquele cajado. “Como é bonito este cajado pai” – dizia ele. Então seu pai contou toda a história. O jovenzinho ficou fascinado como aquele velho cajado havia salvado a vida de seu pai, por isso este filho prometeu a seu pai guardar aquele cajado para sempre lembrar desta história depois de sua morte.

O tempo, que não para, passou e com ele levou a vida do jovem menino agora velho e cheio de dias. Seu filho, neto do velho pastor, guardou com muito carinho aquele velho, porém belo cajado. E todos os dias ele olhava para ele e lembrava de como seu pai havia sido salvo através do velho cajado. Então com medo que a madeira do cajado apodrecesse e o cajado morresse como seu avô e seu pai, o neto resolve pintar um quadro do cajado. Para isso ele contrata o melhor pintor da região e investe muito de seus recursos para pintar a imagem de seu, agora santo, cajado. Antes de sua morte o neto do velho pastor resolve contar para seus filhos a importância daquele velho cajado, na vida de sua família. Dizia ele: “se não fosse este cajado meu pai teria morrido criança, eu não teria nascido e nem vocês estariam hoje ouvindo esta história”. Então todos os seus filhos resolveram fazer para si um quadro daquele velho, porém belo cajado, para que quando eles se casassem levassem consigo a história do velho cajado daquela família de pastores.

O neto do velho pastor morreu e seus filhos se espalharam pela terra, agora adorando uma imagem de um velho cajado na parede de suas casa, agora sem saber muito o porquê da origem desta veneração. Com o passar dos anos e gerações foram criados métodos, rituais cerimônias para a veneração do velho cajado. Homens matavam e morriam, defendendo a adoração ao quadro como ele era, outros diziam que o mais importante não era o cajado nem o quadro, mas a mensagem e a história de salvação daquele clã. Mas em sua maioria aquelas pessoas se esqueceram de quem tinha se arriscado, usado de todas as suas forças para ir lá naquele penhasco, com o seu já velho cajado, o velho pastor. Este não olhou para a rebeldia de seu filho, mas se arriscou e o salvou da morte certa, nunca mais foi lembrado. O jovem menino pecador, mas arrependido de sua atitude também nunca mais foi lembrado. E o próprio cajado deu lugar a vários quadros espalhados por toda aquela região cheio de crendices, simpatias e idéias sem nenhuma relevância, baseada naquelas imagens . Assim nunca mais o velho pastor e pai amoroso, seu filho arrependido e o velho cajado, instrumento da salvação para a criança, foram lembrados naquele lugar, mas os quadros dos cajados até hoje estão em todas as casas, praças, lugares daquele país alimentando a guerra, a fome e todos os sentimentos egoístas daqueles homens. 

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