terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

REFLEXÕES DE UM PASTOR

FIO SOLTO E SINUCA INTELECTUAL

Sou pastor. Me vejo por vz em "sinucas" intelectuais, armadilhas teóricas. Temos, ou pensamos que temos, liberdade para pensar o que quiser. Será? Será que os acadêmicos são tão livres assim? Ou coerentes em suas linhas teóricas? Sempre fica um fio solto que alguém pode puxar e desmontar toda a nossa teia intelectual. A questão é como esconder o fio solto? Um exercício p teólogos, acadêmicos, tradicionalistas e/ou vanguardistas....Estamos procurando o fio solto, ou tentando esconde-lo?

Sei que o evangelho não é para enganar pessoas - mesmo que seja isso que esteja acontecendo na cena evangélica - posso responder pela minha prática pastoral focada no SER e no RELACIONAMENTO. Sem medo, sempre que posso, mostro algum fio solto de nossa lógica teológica (na interpretação bíblica, ou no sistematização de nossas doutrinas). Por outro lado, a crítica que levanta dúvidas é sempre um exercício para a construção de uma FÉ MADURA e deve ser estimulada, correndo o risco de perder o controle (se é que temos algum) ou de estimular a descrença. Não tenho medo dessas coisas. Podemos sim, questionar os fundamentos doutrinários, teológicos, de fé (no sentido de crer: Hb 11), a tradição, até Deus e a Bíblia como sua revelação. Tudo isso é passível de questionamento e crítica, mas como base em quê? Será que não ficamos deslumbrados com o modelo científico? Seja o iniciado no final do XIX, início do XX (pós positivismo - critica textual, interpretação socio-histórica, etc); seja o pós-construtisvismo? Simplificando será que a teologia não tem se corrompido ao buscar métodos e quadros teóricos de outras áreas do conhecimento (História, sociologia, antropologias, humanidades em geral)? Se dentro de cada uma dessas áreas há uma disputa epistemológica, por que se utilizar delas? Questiono sim: o "academicismo" e os intelectuais (me incluo) pois, achamos que o nosso nível de reflexão é maior do que o do "gado" ou das "ovelhas". Será que "elas" não escolheram ser alienadas? NÃO CREIO QUE DEVA SER ASSIM. E, É MINHA FUNÇÃO PROMOVER O ESCLARECIMENTO. Mas....é uma questão para “nós” (acadêmicos e intelectuais).

Por hora tenho minha "sinuca intelectual" tenho questões, ouço questões, mas sou pastor (líder). Tenho experimentado que quando estamos perto do ser-humano e ouvimos sua dor, questões, dúvidas, angustias, sonhos, vontades, mentiras, intenções, acontece algo que nem a academia, nem o dogma consegue dar conta. Isso simploriamente chamo de RELACIONAMENTO, nisso vejo Deus: no próximo e no que construímos juntos. Talvez isso seja IGREJA. Por isso meu receio é que estejamos nos afastando disso ( perto do próximo e de Deus), com os “evangelicalismos pós-moderno”, ou com o academicismo crítico.

Será que podemos viver um evangelho do amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, ou vamos continuar nos afastando de Deus e do próximo em nome de uma doutrina limpa, ou de um esclarecimento em busca de um critério? Jesus disse que não veio abolir a lei, mas cumpri-la (Amar a Deus e ao Próximo) nós queremos explicar a Lei porque não conseguimos cumpri-la. A Questão é muito simples, ser cristão é amar a Deus e ao próximo. Então como podemos amar a Deus se nos afastamos Dele? Ou como amar o próximo se nos fechamos em nós mesmos?

Portanto, não adianta desmontar toda teia teológica que o cristianismo teceu ao longo de 2000 anos, nem podemos fechar os olhos ou tentar esconder os fios soltos de nossa teologia. Esta é a sinuca intelectual que estamos. Talvez seja impossível sair desta situação, mas AINDA existe a FÉ.

Pr. Cezar Uchôa Júnior

Nenhum comentário:

Postar um comentário

FAÇA O SEU COMENTÁRIO